Suja & indigna companhia

 

 

 

 

A multidão avançava e ela sentia.se perdida.Perdida no meio de milhões de pessoas.

Era a correria habitual.Todos queriam ser os primeiros a chegar a algum lado.Eram como máquinas automáticas.Que vontade de se rir deles ela tinha.

Pareciam tontos.Ela no entanto não se mexia.Via passar o carteiro com pressa para entregar a última carta.Via o padre regressar à igreja após uma manhã de trabalho.Via a mulher da quinta avenida a falar ao telemóvel.

Ela via.os a todos,mas parecia que ninguém a via.

Os seus olhos incertos e a sua boca piedosa esperavam por um desconhecido que nunca chegava.

Não se deixava embalar ao som da música como todos os outros faziam.Deixava.se estar ali à espera dele.

Despida de preconceitos estendeu a mão a um sem.abrigo que a chamou.

Era um jovem,devia ter cerca de 18 anos.Debaixo da sujidade das ruas,debaixo daquela nojenta camada de preconceitos construída por todos os que passavam,estava um jovem.

O rapaz confessou que a observava há muito tempo.A rapariga levou.o a passear.

Falaram durante uma eternidade.A rapariga sentia.se amada e o rapaz teve o que nunca lhe tinham dado.

Tomaram um decisão e construíram a mesma música.

Aquela música que tocou uma e outra vez quando eles se possuíram sobre a caixa de cartão que servia de habitação ao rapaz.

Os seus corpos lamacentos e transpiradas fundiram.se.

Richer,o rapaz, sorriu como nunca tinha sorrido.

A rapariga deu.lhe mais do que tinha.

Deu.lhe o amor que nunca ninguém lhe tinha dado.

 

 

 

 Sem sequer me aperceber houve algo nesta personagem ,

que acabei de criar,que me prendeu a ela.

 

 

 

 

 

 

publicado por Lucky às 15:05 | link do post | comentar